Desta vez estávamos eu, minha esposa e minha filha; em Pouso Alegre, nos juntamos aos meus pais para iniciarmos o roteiro.
Antes de descrever cada cidade vou falar da viagem até nossa base em Pouso Alegre - MG.
Rodamos 1020 km. As estradas estavam excelentes, mas tudo tem um preço, pagamos 14 pedágios, totalizando R$ 85,00. Valeu a pena? Na minha opinião, com certeza. Já os últimos 90 Km da viagem (Jacutinga, Ouro Fino e Borda da Mata) não tinham pedágio, o que só não gerou estresse maior porque estávamos de férias. Como diz o âncora da Band: "uma vergonha!". Perigo total: estrada estreita, sinalização deficiente, sem pontos de ultrapassagem, tráfego intenso de caminhões, ou seja, alto risco de acidente. Graças a Deus chegamos bem, mas levamos quase duas horas para percorrer menos de 100 km.
Mapa Brasília / Pouso Alegre - MG
O nosso percurso foi Brasília, Cristalina, Catalão, Uberlândia, Uberaba; Via Anhanguera até Araras (saída da Anhanguera), Mogi Mirim, Itapira, Jacutinga, Ouro Fino e Pouso Alegre.
Saindo de Pouso Alegre fomos para Três Corações, São Thomé das Letras, Cambuquira, Conceição do Rio Verde, Caxambu, Lambari e retornamos à Pouso Alegre.
Mapa da Viagem
Descansamos um dia em Pouso Alegre e retornamos à Brasília. Rodamos no total 2.600 Km em 10 dias. Foi muito bom.
Três Corações:
Cidade com menos de 80.000 habitantes, terra do Rei Pelé, onde morei por 4 anos - até1977.
A distância de Pouso Alegre até Três Corações é de 110 Km pela Rodovia Fernão Dias. Rodovia em ótimo estado e pedágio muito barato (R$ 1,60).
Nossa intenção é apenas rever a cidade, desde que saí de lá em 77, não voltei mais.
O que visitamos:
- Clube de campo Umuarama - local muito bonito e sossegado e com uma infraestrutura completa. Frequentei muito entre meus 9 e 13 anos;
- Praça do Pelé - pequena praça com a estátua do Rei;
- Praça Central - uma bonita praça com seu coreto e o belo prédio do Grupo Estadual Bueno Brandão, onde estudei por 2 anos;
- Casa Pelé - é uma casa que foi restaurada e envelhecida para retratar a história das origens do Rei do Futebol; uma pena que fecha às segundas, justo quando estivemos lá;
- Almoçamos na Cantina Calabreza - ótima comida mineira e massas caseiras, bom atendimento e preço excelente;
- Igreja Matriz da Sagrada Família - construída em 1927, em estilo neogótigo. É uma bela igreja e estava sendo restaurada por dentro. Quando estávamos visitando estava saindo uma romaria para Aparecida do Norte.
- Por fim, passamos pelas duas casas onde morei, quando pude relembrar alguns momentos da infância.
Incluímos Três Corações no roteiro não só para recordar a minha infância, mas também porque era passagem para São Thomé das Letras. Três Corações não é uma cidade com muitos atrativos, mas mesmo assim valeu a pena.
São Thomé das Letras:
Localizada a 42 Km de Três Corações por boa estrada asfaltada. Nosso roteiro previa apenas 1 dia em São Thomé, sendo assim, o objetivo era sentir o clima do local para um futuro retorno. As impressões foram as melhores possíveis.
Assim que pudermos voltaremos para explorar as diversas cachoeiras e grutas da região, porém com o meu 4x4, desta vez, estávamos de Corolla.
Dentre várias opções de pousada, escolhemos a "Pousada do Sossego", localizada 3 Km antes de chegar a São Thomé. O proprietário, Tomé, extremamente educado e atencioso nos fez sentir muito à vontade. A Pousada tem 7 chalés simples (com tv, ventilador e lareira), porém, confortáveis e limpos. Há uma cozinha de apoio para os hóspedes com fogão, microondas, geladeira e pia. Tudo em meio a muito verde e num clima de muita paz. Diárias a um preço justo, R$ 150,00 o casal e um adicional de R$ 75,00 por uma cama extra. O café da manhã é um capítulo à parte, servido na varanda do chalé, pontualmente na hora combinada, com muito capricho - pão de sal e de queijo quentinhos, queijo minas maravilhoso, suco, fruta, biscoitinhos, geleia caseira, café, leite, presunto e bolo de mandioca. Tudo uma delícia! O Tomé, proprietário, brinca que só abre a porteira para o hóspede sair se conseguir comer tudo do café da manhã. Não conseguimos, mas ele abriu a porteira. A pousada não oferece atrativos e lazer, nem precisa, pois os atrativos estão na generosa natureza que abraça a cidade.
Chegamos por volta de 15 horas, deixamos nossas malas na pousada e fomos para cidade. Andamos a pé pelas ruas de pedra apreciando as construções, a praça, a igreja, a Câmara de Municipal, as lojinhas, o coreto e a gruta ao lado da igreja. Próximo das 17 horas subimos a um dos pontos mais altos, a pirâmide, para ver o pôr do sol.
Em São Thomé tem várias opções de restaurantes e nós escolhemos o Alquimista. São 3 restaurantes Alquimista - um especializado em comida mineira, outro em comida paulista e o último em pizzas. Neste dia escolhemos a pizza. Uma boa opção a preço justo.
No dia seguinte, levantamos com um bonito dia e com um delicioso café na varanda do chalé. Saímos em seguida para o Vale das Borboletas, próximo da pousada - entre 3 e 5 Km (não marquei a distância). Local com boa infraestrutura - bar e banheiro. Fizemos uma pequena trilha para chegar à cachoeira. O local é muito bonito, no vídeo abaixo tem várias fotos.
Por volta de meio-dia, fizemos o check out e fomos almoçar na cidade, no restaurante Alquimista de comida mineira. Comida muito boa e pratos muito bem servidos para 3 pessoas.
Conceição do Rio Verde:
É uma cidade pequena, com 15.000 habitantes, aproximadamente, bastante preservada, limpa, com casas bonitas, ruas largas, diferente da grande parte das cidades de Minas Gerais que permitiram a construção de prédios no centro das cidades, mal cuidadas, e que acham que para a cidade progredir tem que asfaltar as belas ruas de paralelepípedo - Parabéns ao povo de Conceição!
A intenção de passar em Conceição foi rever mais uma cidade onde morei nos anos 70 e 71. Fiz o primeiro, e parte do segundo ano do ensino fundamental, na Escola Estadual Coronel Gabriel Carneiro.
Nossa visita durou pouco tempo, em torno de duas horas, suficiente para visitarmos a Escola Estadual Dom Othon Motta por fora e por dentro, guiados por uma simpática funcionaria; a escola Coronel Gabriel; a Basílica de Nossa Senhora da Conceição; uma fábrica de tecidos e roupas e a pracinha.
Valeu ter incluído Conceição no roteiro.
Caxambu:
Como as demais cidades do Circuito das Águas, Caxambu também é uma cidade pequena, com uma população em torno de 25.000 habitantes. Possui o maior complexo hidromineral do mundo com 12 fontes.
Antes de chegarmos ao trevo de Caxambu, paramos na Venda do Chico - delicioso e autêntico café mineiro com doces, queijos, café e salgados muito bons em um ambiente bastante acolhedor.
Chegamos na cidade já no final da tarde e fomos direto para a Pousada Circuito das Águas, localizada na entrada da cidade. Confesso que o local não é dos mais bonitos pelo lado de fora, pois é numa rua comercial. Porém, ao entrar na pousada, você terá uma ótima impressão, pois é tudo impecável. Começando pela recepção da proprietária, Patrícia, muito atenciosa e prestativa. Os quartos são muito bons, tudo novo, com um café da manhã delicioso. A diária é justa, R$ 170,00 o casal. Escolhemos nos hospedar numa pousada e não em um dos tradicionais e antigos hoteis da cidade porque, além do preço mais alto, a maioria oferece pensão completa. E preferimos estar livres para variar e conhecer outros restaurantes. Como a nossa intenção era passear, fizemos a escolha certa.
Saímos de noite para fazer o reconhecimento da cidade. Demos uma volta pela praça Dezesseis de Setembro e pelo calçadão. Escolhemos o restaurante Panela Mineira para jantar. Restaurante grande com muitas opções, bonito, bom serviço, preço e comida razoáveis.
No dia seguinte a programação foi o belo Parque das Águas. Um parque muito bonito, grande, com muito verde, belas fontes, um grande lago e uma fantástica Termas, onde é possível desfrutar dos efeitos terapêuticos das águas e massagens diversas, fazer sauna e relaxar, a um preço honesto. Não deixe de usar a piscina de hidromassagem, muito relaxante (segundo consta, a maior da América Latina). R$ 35,00 por 45 minutos.
O ingresso do parque é de R$ 5,00. Há também opções de pacotes. Pagando um pouco mais, pode entrar e sair algumas vezes no mesmo dia; ou comprar ingressos para uma semana ou um mês, por exemplo. Boas opções para quem vai fazer tratamento de saúde e passar muitos dias por lá.
No parque você pode fazer uma bela caminhada, tomar muita água gasosa direto nas fontes, relaxar nas Termas com os banhos e massagens e ler um bom livro em um dos diversos pontos de pura tranquilidade. Não imaginei que fosse me identificar tanto com este parque, mesmo não sendo a primeira vez que o visito, mas foi diferente.
Almoçamos no restaurante Bom Sabor no centro. Comida saudável com bom preço em um local agradável.
Depois do almoço fomos conhecer a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios e a Igreja de Santa Izabel da Hungria com sua longa escadaria (não subimos, chegamos de carro por cima). Achei interessante que, de ambas as igrejas, tem-se uma bela vista uma da outra.
Depois fomos ao Morro Caxambu de onde se pode avistar toda a cidade. Lá está o Cristo e o teleférico, uma pena estar fechado para manutenção, embora pareça estar é abandonado mesmo.
Esta questão do teleférico e de outras coisas que observo em minhas viagens, percebo que estão acontecendo em muitas cidades. Simplesmente algumas atrações turísticas são abandonadas. Acho que falta vontade dos administradores e do povo em manter suas cidades atrativas aos turistas ou, no mínimo, bonitas para os próprios habitantes. Não que eu não tenha gostado de Caxambu, mas a cidade tem potencial para ser melhor ainda.
No final do dia fomos jantar e escolhemos o Hotel Palace. Boa pedida, comida saborosa e farta sobremesa. Para quem gosta de doces, há 5 geladeiras repletas de diferentes tipos, inclusive diets, já incluídos no valor do jantar, que é de R$ 38,00 por pessoa. O hotel tem arquitetura e mobiliário antigos e bem preservados.
No dia seguinte, fizemos um passeio de charrete, só para constar, mas acho que não vale muito a pena. Pesquise bem o preço pois encontramos valores de R$ 30,00 a R$ 80,00 por uma volta de 1 hora mais ou menos.
Fizemos também umas pequenas compras nas lojinhas de artesanato. Quanto a este assunto, mudei radicalmente minha opinião nos últimos anos. Eu sempre achei que em viagens a passeio não deveríamos gastar dinheiro comprando artesanatos e outras coisas supérfluas. Hoje, acho que precisamos comprar e consumir artigos e produtos locais, pois isto ajuda a economia, os artesãos, as associações e, de algum modo, ajuda um pouco os lugares a melhorarem.
Caxambu e demais cidades do Circuito das Águas têm potencial para oferecerem uma boa estadia aos turistas, mas de uma forma geral, muita coisa precisa ser melhorada. No mínimo, os administradores destas cidades turísticas deveriam viajar e trazer bons exemplos para suas cidades.
Valeu Caxambu, quero voltar!
Lambari:
Nosso último destino nesta viagem, Lambari, está a 58 Km de Caxambu e 80 Km de Pouso Alegre (nossa base). A população da cidade é de aproximadamente 21.000 habitantes.
Chegamos a Lambari com muita expectativa e adivinhem, superou. Uma das coisas que gostei na cidade foi as opções de passeios ecológicos, uma pena que só foi possível fazer um, pois tínhamos apenas 1 dia.
Vamos começar pela Pousada do Duque: excelente, com certeza a melhor da viagem. Local agradável, decoração de bom gosto, muitas plantas, piscina, café da manhã delicioso e servido em uma sala maravilhosa - nota 10. O prédio é uma construção antiga, restaurada, me lembrou Tiradentes e Ouro Preto. Localizada muito próxima do Parque das Águas. Mesmo com todos estes atributos o valor da diária ainda foi muito bom, R$ 180,00 e, no nosso caso, utilizamos mais um quarto conjugado pagando mais R$ 90,00.
Depois de acomodados na Pousada fomos almoçar no restaurante Santa Pança, ao lado do Parque das Águas. Um bom restaurante - excelente atendimento, local agradável, boa comida e preço justo, com opções à la cart e buffet (quilo).
Precisávamos queimar o que comemos e fomos caminhar no pequeno Parque das Águas. São apenas 6 fontes, sendo que duas estão sem água devido à seca (a água está mesmo acabando no mundo). As 4 restantes estão abrigadas em um único espaço. Mais uma vez me surpreendi - achei a água gasosa de Lambari a melhor de todas. Minha análise se restringe apenas ao sabor e não as propriedades medicinais de cada água. Em torno de 1 hora bebemos água, descansamos, passeamos e batemos muitas fotos. O preço do ingresso foi R$ 5,00. Não é um parque como o de Caxambu para se passar o dia todo, mas valeu conhecer.
Pegamos o carro e fomos dar uma volta ao redor do Lago Guanabara. O perímetro do lago é de 5 Km e tem uma calçada de pedras portuguesas - talvez uma caminhada seja legal. Na volta que demos passamos por um pequeno balão que tem uma grande garrafa de água Lambari e também passamos pelo famoso Cassino, que está sendo restaurado.
Seguimos para o Parque Wenceslau Braz. Uma opção boa para caminhar ou alugar uma bike. O parque tem alamedas largas e arborizadas. Quase no final do parque existe uma grande piscina pública, uma pequena cascata (me pareceu construída) e algumas duchas. Seguindo um pouco mais existe a Praça do Farol. Apesar do parque ser muito bom, achei que faltava manutenção da Praça do Farol - poderia dizer que está abandonada e infelizmente o mau cheiro da água que vem do lago e de um pequeno rio canalizado são horríveis. Uma incoerência total, uma cidade que vive de água ter suas águas poluídas. Uma pena, foi a única coisa que não gostei - o que estão fazendo com nossas águas?
Como saco vazio não para em pé, fomos fazer uma boquinha, aliás duas. Passamos pela pequena loja de doces Goneli, em frente ao Parque das Águas - uma portinha muito pequena e muito simples, mas gostei do doce de leite e do pé-de-moleque - especialidades da casa há muitos e muitos anos. Segunda parada, o Café da Estação, Livraria e Espaço Cultural Vagão 98. Livraria de muito bom gosto com a decoração de uma estação e com muitos títulos; e no andar superior é o café (entrada separada). O prédio é bacana e tudo nos surpreendeu mais uma vez.
Para não perder o costume, fomos agradecer, mais uma vez, toda a nossa viagem na bela igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde, que fica em uma simpática pracinha, próxima também do Parque das Águas (afinal, a cidade é pequena). Achei interessante que nesta igreja a pia batismal é separada do interior da igreja - ela é interligada, mas em uma construção separada - guardando as devidas proporções me lembrou os batistérios da Itália.
A noite já estava chegando e voltamos à pousada para descansar alguns minutos, tomar um banho e fomos jantar na Cantina Calabresa - um ótimo buffet de massas caseiras, R$ 28,00 por pessoa, e vinhos com bom preço - tomamos um vinho da Africa do Sul por menos de R$ 50,00. Voltamos para a pousada para um descanso merecido.
Nosso último dia começou com um café da manhã fantástico. Barriga cheia, pé na estrada. Fomos ao Parque Estadual Nova Baden, localizado a 5 Km de Lambari, na estrada para Caxambu, com apenas 1 Km de terra. É cobrada uma taxa de R$ 5,00 por pessoa e R$ 2,00 para o carro, maiores de 65 anos não pagam.
O que posso dizer deste fantástico parque? Pra mim, é o que mais adoro, contato com a natureza e organização, sem falar da paixão demonstrada pelos funcionários do parque por tudo que existe lá. O parque é super preservado, possui 3 trilhas bem sinalizadas, fizemos duas: a de Sete Quedas e a do Palmito. O grau de dificuldade é baixo, mas levamos meus pais, que tiveram pequena dificuldade. A superação por terem conseguido valeu muito pra eles e pra nós. Depois da trilha visitamos o majestoso casarão. Estavam montando uma exposição com painéis, que tudo indica que vai ficar muito legal, bem interativo. O parque tem banheiros limpos, porém não tem onde comprar água ou algo para comer - planejando não faz a menor falta. Não vou descrever a história do parque e do proprietário das terras Werneck, pois na Web tem tudo.
Para fechar, almoçamos uma deliciosa picanha no restaurante Santa Pança, novamente, e voltamos a Pouso Alegre.
Comentários Finais
- Para viagens curtas, planeje bem - reserve as pousadas, escolha algumas opções de passeio e de restaurantes.
- Para planejar, gosto de usar o site da Tripadvisor, Google mapas, sites e blogs dos locais selecionados e o bom e velho Excel para registar tudo.
- Nossa base nas férias de julho de 2014 e 2015 foi Pouso Alegre-MG, mas não fiz nenhum registro da cidade, na próxima, farei.
- O grande problema destas viagens curtas e para vários lugares é a quantidade de bagagem. Infelizmente o tempo nos pegou de novo - segundo ano seguido sem frio no Sul de Minas. O que fazer com todos os agasalhos?
- Tenha sempre um GPS e o Waze, ajudam muito;
- Do Circuito das Águas faltaram São Lourenço e Poços de Caldas, onde fomos em outras ocasiões.